O uso de sementes pirateadas vem crescendo no setor agropecuário há anos. Comercializadas de maneira informal e sem certificado de origem ou garantia de validade, prejudicam o agricultor brasileiro, que muitas vezes é enganado pela falsa promessa de investir pouco para colher muito.
Para que alcance o sucesso, produtores rurais têm a ciência de que a boa condução da lavoura de soja depende de diversos fatores, dentre os quais o uso de sementes de maior qualidade merece maior atenção.
Tais sementes devem apresentar atributos físicos, genéticos, fisiológicos e sanitários com comprovação, que em conjunto são responsáveis por gerar plantas com maior desempenho agronômico.
Porém, com o objetivo de baratear custos de produção, alguns produtores pensam em substituir sementes certificadas e com alto padrão de qualidade por sementes sem qualquer comprovação ou garantia de procedência, popularmente conhecidas como “sementes pirateadas”.
Mas, mesmo “barateando os custos de produção”, a compra e o uso de sementes piratas nunca será uma boa opção, já que muitos são os riscos associados à pirataria que certamente não valem a pena.
Diante disso, convidamos você a entender o que são as sementes piratas de soja e porque você, produtor rural, não deve entrar nessa roubada!
Você sabia que a Associação Brasileira de Sementes de Soja (ABRASS) estima que pelo menos 30% da safra brasileira 2015/2016 de soja foi semeada com sementes ilegais? Mesmo representando dados de uma safra antiga, esse é um número preocupante e que insiste em deixar a agricultura nacional em estado de alerta.
Por definição técnica, as sementes piratas são aquelas que não possuem nenhum tipo de certificação ou garantia de procedência, tampouco contribuem com a pesquisa e o desenvolvimento do setor, não ajudando no aumento da produtividade e resistência a pragas e doenças.
Além disso, todo e qualquer produto vegetal comercializado como “semente”, que não tenha sido produzido a partir de campos inscritos no MAPA e com integral cumprimento da legislação, é considerado pirata.
Geralmente as sementes piratas são grãos comerciais adquiridos de agricultores, atravessadores ou comerciantes ilícitos, que são colhidos em áreas não registradas no MAPA, sem qualquer supervisão e controle técnico especializado, ou seja, sem nenhuma garantia de qualidade sanitária ou fisiológica.
Dessa forma, toda semente pirata de soja consiste no grão de soja colhido e revendido ilegalmente como semente, sem:
Além disso tudo, deve ficar claro: Vender e comprar sementes piratas é crime, podendo gerar multa, conforme a legislação vigente, tanto pela lei de proteção de cultivares (nº 9456/1997), como pela lei de sementes e mudas (nº 10.711/2003).
É ilegal produzir, comercializar e, também, comprar sementes piratas.
Como já citado anteriormente, comprar sementes piratas pode colocar em risco a saúde agronômica e econômica do próprio negócio. Isso ocorre porque a pirataria não dá garantias de qualidade, nem de procedência, ou seja, o agricultor pode estar plantando uma cultivar “totalmente no escuro”.
Neste contexto, os riscos fitossanitários desta opção podem ser bastante altos. Dessa forma, a compra de sementes advindas do comércio ilegal pode elevar os seguintes riscos:
Diante de tantos riscos, essa “falsa economia” esperada pode contribuir significativamente para a perda de receita no final da colheita, ou seja, os custos de produção podem ser seriamente impactados, seja pela redução de produtividade, seja pelo aumento de custos em outros itens para cuidar da lavoura.
Um problema recorrente entre produtores de soja, especialmente aqueles que cultivam em pequenas áreas, é comprar sementes piratas mesmo sem saber, sendo enganadas pelo comerciante deste produto.
Dessa forma, há algumas recomendações que precisam ser consideradas durante a negociação e compra de sementes de soja:
Como vimos até aqui, sementes piratas são aquelas sementes vendidas no mercado informal, sem qualquer garantia de procedência ou certificação. Justamente por isso, já está comprovado que elas podem ocasionar sérios problemas para sua lavoura.
Porém, vale ressaltar que todo produtor pode salvar suas sementes! Você sabe o que é isso?
A semente salva é uma prática totalmente legal que permite ao agricultor salvar parte de seus grãos para plantar sua própria área na safra seguinte. Este é um direito assegurado pela legislação ao produtor rural.
Mas é exigido que ele preencha todos os requisitos legais e cumprimento das normas especificadas, tais quais não poder transportar sua semente salva para fazendas de outras pessoas. Dessa forma, quando o agricultor quer salvar semente para uso próprio, porém não cumpre todas as normas estabelecidas, esta semente também se torna ilegal e pirateada.
A pirataria compromete negativamente a agricultura nacional, trazendo prejuízos que vão muito além da questão financeira. Ao comprar uma semente pirata, o maior perdedor é o próprio agricultor, uma vez que é um processo ilegal, arriscado e só aumentará os riscos de prejuízo.
A maior parte das sementes piratas é proveniente das sementes salvas, que os produtores multiplicam para uso próprio e acabam comercializando o excedente de maneira ilegal. Dessa forma, comprar sementes do vizinho ou amigo não é uma forma de ajudá-lo. Pelo contrário, prejudica quem vende e quem compra também.
Por fim, a pirataria representa um grande risco ao desenvolvimento da agricultura brasileira, uma vez que a semente pirata não contribui com o recolhimento de royalties nem do germoplasma e nem das tecnologias.
Portanto, não caia na roubada de comprar sementes piratas. Você pode até economizar na compra, mas os resultados da colheita podem fazer com que você tenha perdas muito maiores.