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Conheça o papel dos fungos e bactérias na fertilidade do solo

Written by Isadora Menezes | Oct 10, 2022 9:00:00 AM

O solo é um organismo vivo, dinâmico e complexo. É o habitat natural de uma diversidade de macro e microorganismos, como fungos e bactérias. Conservar a qualidade e fertilidade do solo é uma das principais preocupações dos produtores, pois o crescimento das plantas, a rentabilidade das culturas e níveis satisfatórios de produtividade são profundamente dependentes dos atributos da terra.

Neste artigo, vamos mostrar como e porque é importante conservar a vida do solo, com frequentes análises e estratégias de melhoramento.

Fungos, bactérias e vírus podem ser aliados

Junto com outros quatro fatores – o clima, o tempo, a topografia e o material parental – a microbiota é um dos elementos mais essenciais tanto na formação quanto na manutenção e melhoria da qualidade da terra. Esses microrganismos são responsáveis por realizar processos biológicos indispensáveis para a vida no planeta, como a fixação de nitrogênio na atmosfera, a decomposição de matéria orgânica e a ciclagem de nutrientes, por exemplo.

O solo é também um recurso natural não-renovável indispensável para a agricultura e, para que o produtor tenha bons resultados, deve apresentar capacidade de suprimento de nutrientes, drenagem, armazenamento de água, condições de crescimento das raízes e atividade biológica adequadas.

Quando dizemos que solo bom é solo vivo é porque levamos em consideração o fato de que quase 90% dos processos que ocorrem nele contam com a participação de microorganismos: fungos, bactérias e vírus. Eles são responsáveis por:

  • fazer circular os componentes minerais;
  • mineralizar a matéria orgânica;
  • sintetizar proteínas e ácidos nucleicos;
  • transformar nutrientes no solo;
  • decompor a biomassa;
  • disponibilizar nutrientes para as plantas;
  • manter a estrutura do solo;
  • bio-degradar impurezas.

Fonte: CropLife

Sabemos que o uso indiscriminado de defensivos agrícolas pode alterar consideravelmente o solo ao combater pragas e infestações. Isso porque o tempo de permanência dos resíduos desses defensivos no ambiente é muito elevado, graças a dificuldade que bactérias, fungos e vírus naturalmente presentes no solo têm de decompor esses materiais. Outro fator é que a concentração de compostos químicos desses defensivos pode ser alterada por processos muito comuns no campo – escoamento superficial do solo, lixiviação e volatilização – e, assim, fugir do controle do produtor.

Muitas vezes, esse erro é irreversível: sem contar os territórios cobertos majoritariamente de gelo, cerca de 430 milhões de hectares da superfície terrestre livre estão inférteis. A poluição química causa infertilidade, mas a erosão, a salinização e a compactação são fatores ligados à alteração da microbiota e que podem resultar na degradação do solo:

Fonte: CropLife

Por essa razão é importante tomar alguns cuidados no manejo do solo e escolher boas estratégias para assegurar a conservação dos microrganismos. Avaliar o uso de defensivos agrícolas é importante, pois, ao atingirem o solo, podem causar danos quase impossíveis de serem revertidos.

Fungos e bactérias são responsáveis pela retenção de água, aeração, fluxo de energia, evolução, equilíbrio ecológico e muito mais. Por meio da produção de metabólitos e de húmus, relações tróficas, agregação, entre outros, é possível assegurar a permanência da vida no solo. Abaixo, é possível ver um esquema dos processos biológicos do solo, suas relações e funções:

Fonte: Portal do Agronegócio

Dicas para conservar a vida no solo

Você já sabe que a presença de fungos e bactérias no solo é indispensável para assegurar a qualidade e crescimento das culturas. Mas existem algumas técnicas de manejo  e estratégias que podem ser ao mesmo tempo rentáveis e sustentáveis.

Algumas delas merecem destaque:

  • Plantio direto

No plantio direto, a semeadura é feita em solo não revolvido. Com isso, explora o potencial genético das culturas e assegura um ambiente mais fértil por mais tempo.

  • Bioinsumos

São quaisquer tipos de insumos de origem biológica, desenvolvidos a partir de enzimas, extratos de plantas de micro e macrorganismos. Podem ser usados tanto para a fertilização do solo quanto para o controle biológico de plantas invasoras, pragas e infestantes.

  • Rotação de culturas

O sistema de rotação de culturas ajuda a deixar o solo “descansar”. Ao alternar, de forma ordenada, as espécies cultivadas, observa-se o controle das plantas daninhas, doenças e pragas, sem a necessidade de explorar indiscriminadamente defensivos químicos.

  • Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

A ILPF ajuda a controlar daninhas e outras pragas. Também é uma ótima estratégia para evitar a compactação do solo e assegurar disponibilidade de alimento para o gado.

  • Adubação verde

Essa prática aumenta a capacidade de armazenamento de água no solo, ajudando na descompactação, amenizando o impacto causado pela lixiviação e atuando para a reciclagem de nutrientes.

Quais as vantagens de aderir práticas de conservação?

Conservar fungos e bactérias é essencial, pois, quando há interferência – físicas ou químicas – nesses ambientes, pode haver um desequilíbrio das características que naturalmente equilibram o material. Por isso, aderir práticas de conservação focadas em manter vivos esses microrganismos têm consequências positivas para o produtor, entre as quais merecem destaque, pois os fungos e bactérias:

  • Disponibilizam nutrientes para as plantações: a decomposição que fazem libera componentes minerais que ajudam as plantas a crescer;
  • Funcionam como indicadores da qualidade do solo: a presença de matéria viva pode determinar a maneira que o solo deve ser manejado para receber as cultivares;
  • Participam da simbiose: a fixação de nitrogênio no ar, o crescimento de raízes e o desenvolvimento das plantas, tudo isso é resultado da simbiose de fungos e bactérias com as características naturais das plantas;

Fonte: TMF Fertilizantes

  • Promovem a ciclagem de matéria orgânica: é o ponto mais central do papel desses microrganismos no solo. Eles são capazes de converter materiais orgânicos em húmus, garantindo umidade e frescor no solo;
  • Recuperam solos já degradados: os microrganismos ajudam a regenerar solos já degradados e, por isso, são altamente benéficos para o meio ambiente. Em áreas que já foram totalmente expostas, são capazes de aumentar a disponibilidade de água, fósforo e nitrogênio.

Quem planeja sai na frente: principais estratégias para negócios saudáveis

Antes de tomar qualquer decisão, faça uma análise de solos! Esse passo é essencial porque vai determinar qual a melhor estratégia para sua propriedade. A partir daí, encontre as técnicas de manejo mais adequadas para seu empreendimento, seja ele agrícola ou pecuário. Em seguida, dedique um tempo na elaboração de um bom planejamento, deixando claro o que deve ser feito em cada passo da produção. Nesse planejamento, considere também criar um mapeamento de risco, ou seja, fatores climáticos, temporais, mercadológicos, econômicos e sociais que podem interferir no seu negócio. Crie hipóteses de soluções para esses problemas e tenha em mente a necessidade de procurar no futuro profissionais especializados para dar conta dessas demandas.

A manutenção da fertilidade e da vida no solo não é só técnica! Estratégia é o segredo do sucesso!

Confira também: Manejo Integrado de Doenças é essencial para sucesso da lavoura 

Fontes

Blog Broto

Blog Verde

Crop Life Brasil – Microrganismos no solo: essenciais para a produção agrícola

Crop Life Brasil – O solo: patrimônio essencial da agricultura

O Presente Rural

Dia Rural