Gestão de Lavouras

Escala fenológica contribui para que produtor identifique as necessidades das plantas


Alcançar bons resultados em uma lavoura é algo que depende de diversos fatores, desde a qualidade das plantas até o manejo adequado. Nesse sentido, uma das áreas muito importantes para manter a qualidade da produção é a fenologia, responsável por estudar a maneira que as plantas se desenvolvem. 

Um dos aspectos fundamentais desse estudo é compreender que a idade fisiológica e a idade cronológica podem ser bem diferentes, o que, na prática, significa que as plantas podem precisar de cuidados diferentes, ainda que aparentem estar na mesma fase de desenvolvimento. 

A escala fenológica, também chamada de escala de desenvolvimento, é o que caracteriza os diversos estágios fenológicos das culturas (com destaque para a soja) e padronizam a terminologia de modo objetivo e preciso. Com isso, a comunicação entre pesquisadoras, técnicos e produtores rurais se torna muito mais eficiente, ao levantar aspectos como o número de folhas completamente desenvolvidas e o estágio cotiledonar.

Existem nomenclaturas técnicas para indicar o desenvolvimento das plantas. Nesse sentido, é feita uma divisão em duas fases: a vegetativa e a reprodutiva. A primeira é descrita pela letra V, acompanhada por um número que varia de 1 a n (que indica a quantidade de folhas completamente desenvolvidas na planta em determinado momento) e pelos estágios VE e VC (que indicam emergência e estágio cotiledonar, respectivamente). Já a fase reprodutiva é representada pela letra R, seguida por um número de 1 a 8 (que indica o estágio de desenvolvimento).

O estágio VE (emergência da cultura) é alcançado quando 50% das plantas estão com os cotilédones acima do solo, formando um ângulo de 45° ou mais. Já o estágio VC (estágio cotiledonar) ocorre quando o primeiro e único par de folhas unifolioladas estão suficientemente estendidas, de modo que seus bordos não mais se tocam.

Outros estágios vegetativos são o V1 (quando a folha unifoliolada está completamente desenvolvida), V2 (quando a primeira folha trifoliada está completamente desenvolvida), V3 (segunda folha trifoliolada completamente desenvolvida) e assim por diante, até n, que significa folhas trifolioladas completamente desenvolvidas na haste principal.

Vale lembrar que essa análise se faz importante porque no campo nem sempre é possível verificar o número de folhas presentes nas plantas, afinal, algumas delas podem ser eliminadas por ataques de pragas ou algum outro motivo. 

Fase reprodutiva

O que caracteriza o início da fase reprodutiva, chamado de R1, é o início do florescimento, com o surgimento de uma flor aberta em qualquer nó da haste principal. Já o R2 se dá a partir do florescimento pleno e do surgimento de uma flor aberta em um dos dois últimos nós da haste principal.

O estágio R3, por sua vez, marca o início da formação do legume (vagem) com 0,5 cm de comprimento em qualquer um dos quatro últimos nós da haste principal, com folhas completamente desenvolvidas. Já o R4 ocorre quando há a formação de legumes, com um legume de 2 cm de comprimento em qualquer um dos quatro últimos nós da haste principal, com folhas completamente desenvolvidas.

O estágio R5 ocorre a partir do início do desenvolvimento dos grãos e presença de grãos com 3 mm de comprimento em legume, em um dos quatro últimos nós da haste principal, com folha completamente desenvolvida.

Já no estágio R6 há o grão cheio ou completo, com presença de legume com grãos verdes em um dos quatro últimos nós da haste principal, com folhas completamente desenvolvidas. 

No R7 ocorre o início da maturação, com a presença de um legume na cor madura na haste principal. Nesse ponto, o grão atinge o máximo de peso em matéria seca e se desliga fisiologicamente da planta. Por fim, o estágio R8 se dá quando existe a presença de 95% dos legumes na cor madura.

Além da divisão do desenvolvimento da planta de soja nas fases vegetativa e reprodutiva e da caracterização de cada estágio de desenvolvimento, é possível dividir o ciclo de desenvolvimento por meio das exigências da cultura (semeadura, emergência, desenvolvimento vegetativo, florescimento, formação do legume, enchimento de grãos e maturação fisiológica). 

Escala fenológica

Imagem: Elevagro

Conclusão

Uma das principais preocupações da Agricultura de Precisão (AP) é identificar as características e necessidades de cada área da lavoura. Assim, é possível alcançar resultados cada vez mais positivos no que se refere ao aumento da produtividade e à redução dos impactos ambientais. 

No caso da soja, por exemplo, uma área bastante importante para que o produtor tenha uma visão precisa a respeito de sua lavoura é a fenologia, que estuda a maneira que as plantas se desenvolvem. 

Nesse sentido, a escala fenológica é bastante importante, já que analisa os diversos estágios fenológicos da cultura, a partir de divisões de acordo com o estágio de desenvolvimento de cada planta. Isso, aliás, é importante porque no campo nem sempre é possível verificar o número de folhas presentes nas plantas, já que algumas delas podem ser eliminadas por ataques de pragas ou algum outro motivo. 

Com essas informações levantadas, o produtor consegue identificar o estágio de desenvolvimento de cada planta e, assim, separar a idade fisiológica da idade cronológica. Assim, é possível tomar decisões mais assertivas no que se refere ao manejo da planta e, consequentemente, alcançar resultados cada vez mais positivos na lavoura. 

Leia também: Incidência de nematoides oferece sérios riscos às lavouras

Fontes

UFSM

Mais Soja

Rehagro Blog

Elevagro

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