Se você acompanha as principais notícias do agro, sem dúvida já leu ou ouviu por aí a sigla ESG. No entanto, nem sempre fica claro como um modelo de negócios focado em princípios ambientais, sociais e de governança pode ser um ponto de apoio e crescimento dos agropecuaristas. Por isso, preparamos esse artigo com o que você precisa saber sobre ESG e porque essa tendência – que já é destaque na maioria dos setores da economia mundial – pode te ajudar a gerar valor para seu empreendimento agro.
ESG é a sigla em inglês Environmental, social and governance, ou ambiental, social e governança (ASG) em português. Esses três pilares sustentam o que pode ser definido com uma série de práticas focadas na defesa de recursos naturais, na redução das desigualdades e no engajamento de políticas públicas voltadas para diversidade e na mitigação de atos de corrupção, discriminação e assédio em um modelo de negócios.
A agenda ESG surgiu em 2004, em uma publicação do Who Cares Wins, um projeto idealizado e desenvolvido pelo Banco Mundial em parceria com o Pacto Global. Na época, o secretário-geral da ONU Kofi Annan fez, em uma palestra, uma provocação a 50 CEOs de grandes instituições financeiras: como integrar fatores ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais? Dois anos depois, em 2006, surgiu o PRI (Princípios de Investimento Responsável), um documento que encoraja e orienta investidores a encontrarem e promoverem empreendimentos sustentáveis. Hoje, o PRI já possui mais de 3 mil investidores signatários, com ativos que ultrapassam a casa dos trilhões de dólares e que estão prontos para despejar parte dessa quantia em empreendimentos do agronegócio.
Para compreender como a agenda ESG pode atuar no agronegócio, é preciso conhecer um pouco de cada um de seus pilares:
Como você viu, o ESG se popularizou muito e chegou a todos os setores da economia. O agronegócio não poderia ficar de fora, não é mesmo? Isso porque, em 2020, por exemplo, o agro brasileiro teve crescimento exponencial, tornando-se responsável por 26,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Em 2021, esse número chegou a 27,4% – crescimento de 8,36% – e a expectativa para 2022 é que esse montante cresça ainda mais.
Somado a isso, o agronegócio pode ser um dos principais aliados do meio ambiente, desde que adotadas boas práticas e soluções eficazes. Mas o que muda, na prática, com a agenda ESG no agro?
Um dos maiores desafios dos produtores é encontrar alta rentabilidade em práticas verdes. A agenda ESG pode solucionar alguns problemas porque transforma a sustentabilidade em ativo. O mercado internacional – que recebe os principais commodities brasileiros – têm priorizado produtos com selo verde e negócios que desenvolvem ou participam de projetos e programas sustentáveis. Consequentemente, produtores de todo Brasil podem expandir seus negócios para mais investidores e compradores, conquistando a confiança com boas práticas ambientais.
O pilar de governança da sigla ESG tem a ver com a transparência nos dados sobre o negócio, o que ajuda a ganhar a confiança dos investidores. Estes optam por apoiar empreendimentos que valorizam a ética corporativa e que são capazes de tomar boas decisões para gerar os melhores resultados. A governança também diz respeito às boas relações dos empreendimentos com instituições públicas e privadas, que podem ser asseguradas por uma escolha cuidadosa de parceiros e fornecedores. Esses indicadores demonstram a maturidade do negócio: grandes exportadoras já aderiram à agenda ESG e quem aceita embarcar nessa jornada tem um grande diferencial competitivo.
Apoiar a comunidade local, desenvolver mão de obra especializada e garantir saúde e segurança para os colaboradores são exemplos do pilar social do ESG. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o agronegócio brasileiro é responsável por empregar mais de 20% da população brasileira e, durante a pandemia, foi o único a contratar mais que demitir. Esses números demonstram a relevância do agro no combate ao trabalho forçado ou compulsório, à exploração do trabalho infantil e à discriminação no emprego.
Produzir mais e respeitar o meio ambiente requer pesquisa e inovação. Nos últimos anos, diversos produtos e soluções foram criadas para atender as necessidades de agropecuaristas preocupados com a sustentabilidade, fazendo surgir novas AgTechs e expandindo as atuações do agro no mercado. Em um efeito de bola de neve, esses negócios conquistaram novos investimentos, o que permitiu ainda mais inovações e tecnologias para toda a cadeia produtiva.
Os financiamentos verdes (como CPR Verde, CRA Verde, entre outros), já começaram a adotar taxas de juros menores para o produtor. Empresas com práticas sustentáveis também podem ter mais facilidade de acesso ao crédito, desde que demonstradas e comprovadas suas ações (que podem ser o reflorestamento, a revitalização de áreas e nascentes, entre outros.
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Os pilares ESG em si não são uma novidade, mas seu reconhecimento como elemento chave nos negócios é uma tendência que só tende a crescer.
Já é consenso que a principal forma de garantir que os empreendimentos agropecuários permaneçam rentáveis é assegurar a perenidade dos recursos disponíveis, o que só pode ser feito com uma gestão assertiva, eficaz e especializada. Por isso, quem quer garantir crescimento e permanência no mercado e ainda não adotou boas práticas ambientais, sociais e de governança deve aderir ao lema “ESG pra já!”.