A agricultura tem caminhado a passos largos nos últimos anos, especialmente por conta de estudos e tecnologias que surgem a cada dia, a fim de fazer com que essa prática se torne cada vez mais eficiente e sustentável. No Brasil, são muitas as instituições que se dedicam à realização de importantes trabalhos na área, como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Recentemente, inclusive, experimentos realizados pela Embrapa Arroz e Feijão têm colocado em evidência outras formas de se aproveitar, aplicar ou utilizar recursos tecnológicos. Um exemplo disso são a farinha e o farelo de arroz, ambos subprodutos ricos em nutrientes, sais minerais, fibras, e vitaminas ‘E’ e ‘B6’, que foram tema de estudo desenvolvido pelos pesquisadores Priscila Bassinello, Tamillys Luz e Carlos Magri Ferreira.
Encontrados com facilidade em todo o país, esses alimentos têm baixo custo e podem ser obtidos pelo produtor rural diretamente em sua propriedade. Ainda assim, na maioria das vezes eles são descartados, uma vez que o produtor tende a ignorar o fato de que esses subprodutos são uma boa fonte de nutrientes de baixo custo e uma excelente opção para servir como suplemento alimentar em trabalhos sociais com populações carentes.
Produzida pela moagem do grão do arroz branco e sem gosto muito acentuado, são muitas as formas de utilização da farinha de arroz na complementação alimentar, inclusive em conjunto com alimentos como feijão, massas de tortas, ensopados, molhos e pães.
Nesses casos, o uso em substituição à farinha de trigo é uma alternativa a diversos alimentos para os dois milhões de brasileiros portadores da doença celíaca (alérgicos ao glúten, composto encontrado em cereais, como trigo, centeio e cevada).
Segundo a Embrapa, a troca do glúten pela farinha de arroz na confecção de bolos, doces, pães, biscoitos e macarrão, promove qualidade de vida aos celíacos, como observado em receitas produzidas na Cozinha Experimental da Embrapa, em Santo Antônio de Goiás.
Busca por uma alimentação saudável
A farinha de arroz também desempenha um papel importante entre as pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Essa, inclusive, deveria ser uma preocupação maior entre os brasileiros, uma vez que 7% das pessoas acima de 18 anos substituem ao menos uma das refeições por sanduíches, salgados, pizzas ou outro alimento de alto valor energético, ricos em açúcar, sódio e gorduras.
Por outro lado, pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstra que 21% dos consumidores brasileiros consideram, no momento de escolher seus alimentos, aspectos relacionados a questões como saúde, bem-estar, sustentabilidade e ética.
Essa preocupação indica que mais de um quinto da população busca uma alimentação equilibrada e saudável, o que evidencia o potencial que a farinha do arroz tem de alcançar mais consumidores, até entre os cereais mais produzidos e consumidos no mundo, o arroz é o principal alimento para mais da metade da população do planeta.
Sendo assim, o alimento é uma fonte essencial de amido (cerca de 90% da matéria seca do arroz polido), proteínas, vitaminas e minerais, além de energia e açúcares livres, com baixo teor de lipídios. Já a farinha é formada essencialmente de fibra, contendo pequenas quantidades de outros carboidratos.
Vale lembrar, no entanto, que o uso da farinha de arroz ainda está bem abaixo do potencial, especialmente por questões mercadológicas relacionadas à colocação do produto no varejo, a concorrência com produtos substitutos e problemas com o manuseio e a estocagem, devido à fragilidade do alimento.
Por outro lado, os estudos recentes feitos pela Embrapa Arroz e Feijão podem levar o alimento a um novo patamar, pois aponta diversas vantagens no consumo da farinha, inclusive na alimentação infantil, além de ser uma opção de atividade para empresas de pequeno porte, por conta do processamento simples, com pouca exigência de equipamentos e baixo investimento.
Plantio
De acordo com orientação da Embrapa existem pelo menos 15 tipos de sementes de arroz, cada um indicado para diferentes tipos de solo e clima. Dentre eles, um dos destaques é a cultivar BRS A705, capaz de se adaptar bem na região sul do país, onde o ciclo de plantio é precoce, em torno de 120 dias, com excelente produtividade e qualidade industrial. Nessa região, inclusive, ela dispensa o uso de fungicidas, pois é resistente às principais doenças que atingem o arroz
Outro tipo de semente com excelente desempenho é a BRS Esmeralda, que tem alto potencial produtivo e qualidade de grãos. Ela é bastante resistente ao estresse hídrico e é indicada, sobretudo, para a produção em diferentes tipos de solo e condições climáticas observadas em estados como Goiás, Maranhão, Minas Grais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Conclusão
Mais do que nunca, a agricultura tem caminhado lado a lado com a pesquisa e a tecnologia para lidar com questões como aumento da produtividade e redução dos impactos ambientais. Nesse contexto, a Embrapa desempenha um papel fundamental no país e tem avançado constantemente em estudos sobre as mais diversas culturas.
Recentemente, a Embrapa Arroz e Feijão destacou a importância da farinha e do farelo de arroz, ricos em nutrientes, mas muitas vezes descartados pelos produtores rurais.
O estudo evidencia o potencial desses subprodutos, especialmente na condição de alimento saudável e nutritivo. Também apresenta ao produtor uma oportunidade para aumentar os seus lucros a partir da farinha e do farelo de arroz, ambos com baixo custo de produção.
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Referências
Embrapa
Agrolink
Blog Aegro