O ano de 2022 terminou com muitas boas notícias para o produtor rural. Uma delas é que a tendência é que os fertilizantes fiquem mais acessíveis em 2023, já que o preço já começou a cair após ter disparado por conta do confronto entre a Rússia e a Ucrânia, iniciado em fevereiro.
Com a baixa na oferta por causa do conflito – uma vez que a Rússia está entre os principais produtores de fertilizantes do mundo – os preços cresceram de uma hora para outra, o que prejudicou o trabalho de produtores rurais do mundo todo e, naturalmente, também elevou os preços para o consumidor final.
No segundo semestre de 2022, no entanto, os preços começaram a cair, o que deve continuar ocorrendo já no início de 2023, segundo o analista de inteligência de mercado da área de fertilizantes da consultoria StoneX, Luigi Bezzon. De acordo com o especialista, o preço atual já é metade do que era quando o confronto começou e tende a diminuir ainda mais.
“A perspectiva para 2023 é de safra muito menos custosa no ponto de vista dos adubos e com fertilizantes muito mais acessíveis do que a gente viu nesse ano”, ressaltou Luigi Bezzon.
A queda no valor dos fertilizantes já tem sido observada na prática. De acordo com levantamento feito pela agência marítima Williams Brasil, somente entre 1° e 26 de dezembro de 2022 foi agendada a importação de 4,939 milhões de toneladas.
Pelo porto de Santos (SP) deve ser desembarcada a maior parte (2,178 milhões de toneladas), enquanto o porto de Paranaguá (RS) deve receber 999,1 mil toneladas e o porto de Vitória (ES), 366,8 mil. O relatório leva em conta as embarcações já ancoradas, as que estão em largo esperando atracação e as que têm previsão de chegada até o 9 de fevereiro.
Antes disso, os números não eram tão positivos. As entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro somaram 4,191 milhões de toneladas em setembro, volume que representa uma queda de 12,6% em relação ao mesmo mês de 2021.
De janeiro a setembro, o número chegou a 30,101 milhões de toneladas, número que representa uma queda de 10,5% em relação ao volume entregue nos nove primeiros meses de 2021.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Exterior (MDIC), a média de preço dos fertilizantes importados pelo Brasil até setembro de 2022 foi de R$ 3,39 por quilo, valor muito maior que o do mesmo período de 2021 (R$1,64 por quilo).
Dessa forma, o custo de produção teve aumentos consideráveis para todos os produtores, o que pode ser exemplificado pelos números de grandes empresas do agro brasileiro, como a SLC Agrícola (SLCE3) e a BrasilAgro (AGRO3), que atuam na produção e comercialização de grãos. Ambas as empresas apresentaram queda considerável na margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no segundo semestre do ano, o que ocorreu por conta do aumento dos preços dos fertilizantes.
Os produtores rurais brasileiros terão um papel fundamental no reaquecimento do mercado mundial de fertilizantes ao longo de 2023. O analista Jeferson Souza, da Agrinvest Commodities, acredita, inclusive, ser possível retornar ao patamar de 2021, antes do confronto entre a Rússia e a Ucrânia.
“No ano de 2023, o produtor rural brasileiro voltará a comprar com mais força, até mesmo recuperando a demanda que tínhamos lá em 2021”, disse.
Com base em dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), o especialista acredita que 2022 será responsável por uma queda de 9,3% a 9,8% no que se refere ao volume de importação de fertilizantes pelo Brasil. Por outro lado, a expectativa é que o mercado de importações volte a crescer já na sequência. “Em 2023, ela deve se recuperar. E em 2024 deve atingir um novo recorde, ao que tudo indica”, ressaltou.
Após um ano muito difícil para o produtor rural por conta do aumento dos preços de fertilizantes provocados pelo confronto entre a Rússia e a Ucrânia, a expectativa é que a situação melhore em 2023. A queda nos preços, inclusive, já tem sido observada, o que é um alívio levando em conta que houve uma queda de 10,5% nas entregas de fertilizantes ao mercado brasileiro nos nove primeiros meses de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.
Para 2023, por outro lado, a expectativa é que o mercado reaqueça e volte até mesmo ao patamar existente em 2021, antes do início do confronto entre os dois países.
Essa é mais uma das boas notícias que chegaram aos produtores rurais no fim de 2022. Nesse novo cenário, a expectativa é que a produção cresça em todo o país, com custos muito menores, o que, na prática, contribuirá para que o preço dos produtos também diminua para o consumidor final.
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