Saiba mais sobre os solos brasileiros
Nesse artigo, você vai conhecer um pouco mais sobre os tipos de solos brasileiros, suas características e as melhores maneiras de classificá-los....
O teor de argila no solo influencia na disponibilidade de água, nutrientes e na CTC do solo. Assim, a partir da análise de solo, é possível manejar de acordo com as necessidades e alcançar melhores produtividades e lucros.
Durante uma análise de solos, é possível verificar suas características, entre elas o teor de argila presente que determina o tipo de textura do solo. Saber o teor de argila no solo é essencial para o planejamento e manejo agrícola pois está diretamente relacionado à disponibilidade de água, adsorção de nutrientes e a CTC.
A textura do solo é definida pelo triângulo textural, exibido na imagem abaixo. De maneira geral, o solo pode ser arenoso, médio, argiloso, muito argiloso ou siltoso. Essa classificação textural é determinada pela quantidade das frações de areia, silte e argila encontradas nas amostras.
Para tal determinação, é separado uma porção de solo chamada como terra fina seca ao ar (diâmetro < 2mm). Essa porção é dividida em areia (diâmetro de 2 a 0,05 mm), silte (diâmetro de 0,05 a 0,002) e argila (diâmetro < 0,002 mm) através da análise granulométrica.
É considerado solo argiloso aquele que apresenta teores de argila entre 35 e 60%. Quando os teores estão acima disso o solo é considerado muito argiloso, quando abaixo é considerado siltoso.
O solo argiloso também é conhecido como “solo pesado” , possuindo coloração vermelho-escura, além de ser úmido e macio.
Solos como Argissolos e Planossolos possuem camada argilosa apenas na subsuperfície. Já os Nitossolos e Latossolos são profundos e não apresentam camada de solo com gradiente de textura ao longo do perfil, sendo ou argilosos ou arenosos.
Essas particularidades são de grande importância para o planejamento de acordo com a aptidão agrícola. Entender onde estão as camadas argilosas no perfil do solo influencia na tomada de decisão. Enquanto o Latossolo pode ser argiloso e profundo, sem restrições para cultivos, o Planossolo é mal drenado e assim contraindicado para plantas adaptadas ao excesso hídrico.
De forma geral, os solos argilosos possuem algumas características comuns:
Existem dois tipos diferentes de argila, as quais apresentam propriedades diferentes que influenciam também no manejo e aptidão agrícola.
São mais comuns, sendo encontradas em solos argilosos mais intemperizados como Latossolo e Nitossolo. Os principais argilominerais 1:1 são a Caulinita, Gibbsita, Goethita e a Hematita.
Essas argilas são chamadas assim pois são compostas por argilominerais organizados estruturalmente em uma camada de tetraedros de Silício seguida de uma camada de octaedros de Alumínio.
Essas argilas são menos comuns no Brasil. Os principais argilominerais 2:1 são a Esmectita e a Vermiculita.
Elas são compostas estruturalmente por uma camada de octaedro de Alumínio entre duas camadas de tetraedros de Silício.
Solos com esse arranjo estrutural permitem a entrada de água e nutrientes nas entrecamadas, aumentando a superfície específica e a CTC. Por isso, solos com argila 2:1 são reconhecidos por possuírem alta saturação por bases e ótima fertilidade natural.
Entretanto, quando úmidos se tornam muito plásticos e pegajosos e quando secos se tornam extremamente duros, o que dificulta as operações na área.
Os solos argilosos possuem maior CTC, exigindo maiores quantidades de calcário para neutralizar a acidez, sendo mais resistentes à mudança de pH por possuírem maior poder tampão. Quanto maior a CTC do solo, mais íons ácidos podem ser deslocados e assim maior o poder tampão.
Isso acontece porque as reações químicas ocorrem na solução do solo, que se encontra em equilíbrio com a fase sólida. Assim, ao neutralizar a acidez na solução do solo, os íons H+ e Al+3 adsorvidos nos colóides são deslocados para a solução até que o equilíbrio seja atingido novamente. É importante ressaltar que o Al+3, em pHs próximos da neutralidade, estão em formas não solúveis e não tóxicas às plantas.
Solos argilosos, dentro de certos limites de argila, são favoráveis ao aproveitamento dos fertilizantes, em consequência do aumento da CTC. O motivo é que a maioria dos nutrientes são armazenados na fase sólida do solo por apresentarem carga positiva como K+, NH4+, Ca+2 e Mg+2.
A exceção a isso é a adubação fosfatada, porque o P é absorvido pelas plantas nas formas aniônicas H2PO4- e HPO42- que apresentam alta afinidade por óxidos de ferro. Assim, tendem a fazer ligações covalentes, tornando o ânion insolúvel e não disponível para absorção nas raízes. Isso significa que solos argilosos necessitam de doses maiores de adubos fosfatados quando comparado a um solo arenoso.
A dose de K é influenciada pela CTC do solo, por isso, como solos argilosos possuem maior CTC, consequentemente, a necessidade de potássio será geralmente maior.
O teor de matéria orgânica no solo contribui para o aumento da CTC e do poder tampão, e o tipo de argila influencia também na CTC do solo.
O teor de argila influencia na dose de herbicida a ser aplicada quando o alvo é o banco de sementes de infestantes presentes no solo.
No geral, quanto maior o teor de argila, maior será a dose de herbicida a ser aplicada no solo, sendo necessário observar também o teor de matéria orgânica, pois este também influencia na dose.
Como a argila possui partículas com menor diâmetro do solo, um solo argiloso tem maior porosidade total e microporosidade e menor fluxo de água e calor. Isso resulta em maior capacidade de reter e armazenar água, pois são processos que ocorrem nos microporos.
Porém, nem toda água armazenada está disponível para as plantas. Uma parte considerável pode estar adsorvida sob altas tensões na porosidade intra agregada. Por isso, é importante favorecer a agregação do solo e impedir sua desestruturação. Quanto mais estruturado, mais água disponível para as plantas.
A macroporosidade e a infiltração da água tendem a ser menores nesse tipo de solo. Para isso, boas práticas de drenagem e cultivo de solo devem ser adotadas.
As fases sólida, líquida e gasosa do solo estão em equilíbrio, podendo ser alterado pela ação da chuva, seca ou movimentação do maquinário agrícola. A pressão que é exercida no solo pelas máquinas gera uma movimentação das partículas sólidas e líquidas que resulta na redução do volume.
Os solos argilosos têm maior propensão à compactação, o que contribui para maior erosão, menor infiltração de água e redução no desenvolvimento da raiz.
É possível reduzir a compactação com medidas como:
Após entender sobre as características e impactos nos solos argilosos, é possível perceber que terá influência no manejo, na produtividade e no lucro da lavoura. Isso porque o teor de argila tem influência em características importantes como a CTC e a retenção e disponibilização de água.
Embora os solos argilosos tenham maior necessidade de calcário e de adubo, o esgotamento nutricional é mais demorado. No caso de regiões mal drenadas, é necessário investir em drenagem ou cultivares resistentes. Também é importante se atentar à compactação do solo, evitando a entrada quando o solo está encharcado e adotar as medidas citadas para reduzir o impacto causado.
Estudos indicam que solos argilosos possibilitam o alcance de altas produtividades de culturas como trigo, soja e milho sob diferentes tipos de manejo, considerando a região e o clima onde a pesquisa foi desenvolvida. Considerando os ajustes de correção de acidez, adubação e evitando a compactação do solo, os solos argilosos possibilitam alcançar altas produtividades sem maiores custos.
Os solos argilosos possuem muitas particularidades que o diferenciam dos outros.
O armazenamento de água e a presença de nutrientes disponíveis para as plantas são uma grande vantagem desse tipo de solo.
O teor de argila influencia na quantidade de nutrientes, calcário e herbicidas a serem aplicados no solo, além de aumentar a propensão à compactação do solo.
Porém, adequando a correção da acidez do solo, a adubação e realizando práticas que visem diminuir a compactação, o solo argiloso é agricultável e pode trazer altas produtividades.
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Referências
MORAES, M. Solos Argilosos: Descubra como Aumentar a Produtividade. Link: <https://agropos.com.br/solo-argiloso/>.
RIBEIRO, P. L. Solo argiloso: como manejar para obter altas produtividades. 2019. Link: <https://institutoagro.com.br/solo-argiloso/>.
GIRALDELI, A. L. Solo argiloso: Como manejar para altas produtividades. 2020. Link: <https://www.agrotecnico.com.br/solo-argiloso-como-manejar-para-altas-produtividades/>.
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